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Eleições europeias: compromisso ou fachada

 

As eleições europeias, daqui a cinco meses, irão esclarecer se a política seguida nos últimos anos pelos países ricos da União congregará os povos do norte e do sul, ou se, pelo contrário, está a acelerar a sua desagregação.

Não chega aos cidadãos portugueses, gregos e espanhóis, os senhores da Europa reafirmarem que a crise pior já passou e que daqui em diante a economia irá melhorar.

São precisos factos e as evidências demonstram que há milhões de europeus desempregados. Em Portugal, este flagelo atribuído apenas à crise financeira, salvaguardando o sistema económico, afeta cidadãos de meia idade e jovens qualificados que só encontram “trabalho noutras paragens, entre outros povos”, o que afeta suas vidas, a estabilidade familiar e o futuro do país.

O caso mais recente vem da Suíça onde os desempregados, há mais de um ano, podem ser repatriados.

A conceção ultra-liberal de que os desempregados são apenas um ativo lucrativo e um produto descartável sobre quem não recaem  obrigações, é desumana e contraria as boas práticas europeias, a estabilidade social e as próprias cartas e tratados.

Vinda da Suíça, onde o dinheiro e o capital ditam todas as leis, pode, de imediato, estender-se à Europa central, nomeadamente à França, onde a extrema direita xenófoba constitui uma forte ameaça que pode fortalecer-se com forças políticas idênticas existentes em países da União.

Será que a União Europeia, agora com 28 países, resistirá à mudança de paradigma social, consagrado na Carta dos Direitos Fundamentais (2007)?

Ou a União Europeia responde, solidariamente, aos povos mais carenciados, ou não fará qualquer sentido, nem terão força os eurodeputados dos pequenos países na aprovação de medidas que conduzam à tão  apregoada solidariedade que, nos anos recentes, não se tem sentido, bem pelo contrário. Os agiotas do Banco Central Europeu e da Comissão estão mais preocupados em recuperar os milhões emprestados.

Nesse sentido impuseram penosos sacrifícios à grande maioria dos portugueses, e apagaram, por completo, o “princípio da subsidiariedade” e o “princípio da solidariedade” que visava o reforço da coesão económica e social, consagrada no tratado de Maastrich (1992), sem se importarem como deixariam o estado-membro.

O problema é muito sério e não se resolve apenas com subsídios pontuais às atividades económicas mais reivindicativas como a agricultura e as pescas.

Os candidatos às eleições europeias devem apresentar o seu ideário sobre o futuro da União, englobando as regiões ultra-periféricas e as suas capacidades naturais, humanas e geoestratégicas. Exige-se, por isso, parcerias e contatos pre-eleitorais para que os compromissos eleitorais se cumpram. Sem esses procedimentos, os cidadãos eleitores não se sentirão impelidos a ir às urnas.

Nos últimos dias a imprensa tem abordado a formação de listas e as eventuais personalidades que as irão encabeçar, como se o ato eleitoral fosse um teatro, cujo elenco é constituído por artistas/políticos que podem gerar mais ou menos empatia.

Antes de escolher os candidatos, apresentem propostas, programas eleitorais realistas que respondam às convicções e necessidades dos cidadãos eleitores. Importa, igualmente, que prestem contas os representantes das forças políticas do que prometeram e conseguiram para que se acredite que Bruxelas, no centro da Europa, vive sintonizada com a problemática e carências da periferia mais desprotegida.

Uma Europa das regiões indiferente ao contraste visível entre uma maioria cada vez mais pobre e um maior número de ricos cada vez mais ricos, não é um bom cartaz para o ato eleitoral que se aproxima.

Enquanto não se atenuar o fosso entre o norte e o sul, a pobreza e a riqueza, nenhum motivo haverá para acreditar que o Parlamento Europeu representa uns e outros.

Esta é que é a grande aposta da próxima campanha eleitoral. De contrário, a democracia da União será apenas: fachada.

Queremos ouvir a sua opinião, sugestões ou dúvidas:

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